12 Sep
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A condenação de Jair Bolsonaro tem reconfigurado o ambiente digital. A militância, que antes reagia sempre com esperança e entusiasmo, mostra sinais claros de retração e de desânimo. Tanto que a semana derradeira do julgamento termina com 69% das menções ao ex-presidente em tom negativo, demonstrando uma ação muito mais efusiva por parte dos que comemoraram a decisão do STF do que dos bolsonaristas. A base de apoiadores reagiu menos e com menor intensidade. A confiança apareceu em apenas 8% dos comentários que citam Bolsonaro. São oito pontos percentuais a menos do que o registrado antes da sentença ser anunciada, segundo dados da AP Exata – Inteligência Digital.

Termos favoráveis à condenação dominaram o debate. Mensagens de comemoração e hashtags como “Bolsonaro condenado” e “Grande dia” representaram 48,3% de todo o tráfego. Também houve muitas publicações de pessoas citando parentes mortos na pandemia e fazendo alusão a falas polêmicas do ex-presidente. Entre os apoiadores, a narrativa foi de perseguição. “Suprema perseguição” e “Querem matar Bolsonaro” foram termos muito usados, mas também houve mensagens de estímulo e de indignação. Esse bloco concentrou 24,4% das publicações. Foi ruidoso, mas ficou longe de equilibrar a balança.

Desde 2018, Bolsonaro se tornou o rosto mais claro da ideia de alternativa à política tradicional. Ele foi o propulsor da ascensão de uma direita que não existia de forma organizada no Brasil. Construiu um discurso baseado em valores conservadores, focado em pautas religiosas, políticas de armamento e em bandeiras de costumes. Retórica que se tornou uma ferramenta poderosa, o levando à Presidência e impulsionando uma geração inteira de políticos, que hoje ocupam cargos em câmaras municipais, prefeituras, assembleias, governos estaduais e no Congresso.

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